Entrevistado defendeu o “diálogo com clássicos e tradição educacional” como solução a impasses no debate educacional brasileiro
O fundador do Instituto Ágora Perene, Tiago Barreira, participou na última sexta feira (dia 16/09) de entrevista à Rádio Mundial News FM do Rio de Janeiro. Em entrevista ao programa Pauta Nossa, Barreira tratou do tema da Educação Clássica e de sua relevância para os tempos atuais.
O fundador do instituto, que possui formação em economia e filosofia, situou o ensino clássico como uma “síntese equilibrada entre dois pólos extremos” no debate educacional brasileiro.
Barreira frisou que enquanto um extremo do debate busca promover um ensino exclusivamente profissional, especialista e técnico, o outro extremo quer um ensino visando exclusivamente o pensamento crítico e a transformação social.
Barreira, de um lado alertou contra os perigos da “hiperespecialização do ensino”, que pode inibir o progresso das próprias especialidades, e que o conhecimento deveria ser tomado como um “fim em si mesmo, unificado e interdisciplinar”.
Barreira também salientou que a aquisição de habilidades técnicas na escola não necessariamente garantirá o êxito seguro e certo futuro no mercado de trabalho, diante uma economia “altamente dinâmica” e sujeita a inovações e destruições de empregos e profissões.
“Problemas e questões humanas exigem uma visão do todo da realidade. É preciso que o ensino esteja orientado segundo o todo, e não segundo as partes. E é isso que o ensino clássico propõe”, ressalta.
Por outro lado, o fundador também alertou contra o excessos da pedagogia crítica, influenciada por Paulo Freire. Orientada segundo ideias do romantismo do século XIX, “de valorizar a criatividade e da espontaneidade humana contra instituições e imposições sociais”, a pedagogia crítica moderna, segundo Barreira, fala muito de romper com padrões. “Mas não se preocupariam em preparar alunos para estar à altura de padrões. Pois se nem à altura dos padrões se consegue estar, à altura de romper com eles, menos ainda”, argumenta.
“Não existe educação sem um ponto de partida da tradição. E ela requer sim, e em um primeiro momento, esforço e assimilação. Só depois de muita assimilação, é que podemos alcançar autonomia e liberdade”, completa.
A educação, lembra Barreira, deve ser sempre voltada para indivíduo, pois é no indivíduo que é sediado o “espirito autônomo, inquiridor e reflexivo”. E ainda lembra Barreira que uma transformação da sociedade não é possível sem antes “transformar o indivíduo e torná-lo livre”.
“E só com o diálogo constante com gerações e sociedades passadas, somente dialogando com todo o conhecimento e experiência acumulada que eles deixaram, é possível melhor entendermos que é e significa ser livre e o que é e significa ser humano”, acrescenta Barreira.
“Antes de começarmos os estudos clássicos, é preciso portanto abandonarmos os preconceitos pedagógicos modernos sobre o pensamento antigo e medieval. Há uma tendência inerente e automática da modernidade a colocarmos a crítica acima de tudo”, completa.
Veja entrevista completa abaixo: