O anjo da morte ocupa um lugar de destaque na visão de mundo da humanidade em todos os locais e em todas as gerações. Na tradição cultural do Médio Oriente (e do antigo Egipto) se enraizou o conceito do deus da morte (ou na tradição posterior: o anjo da morte), como uma personalidade que impõe terror e medo aos homens.
Autor: agoraperene
Caim e Abel
“A sociologia simbólica de Buddha, Moisés e Rousseau nos ensina, pois, que há dois tipos essenciais de civilização: uma civilização espontânea secundum natura, própria dos homens e dos povos nômades e pastores de mentalidade intuitiva, de cultura empírica e tradicional, unidos em agrupamentos naturais, os filhos de Abel..., e a outra civilização, própria dos homens e dos povos sedentários e industriais, de mentalidade reflexiva, de cultura especulativa e dialética, agrupados por um vínculo artificial sustentado pela coação política e a elaboração racional da lei, os filhos de Caim...A primeira é a civilização dos povos orientais; a segunda é a que os gregos impuseram ao Ocidente. Os gregos, cainitas típicos, criaram definitivamente a cidade e sua civilização”
A consciência do mal em Baudelaire – Tiago Barreira
A obra Fleurs du Mal (1857) de Charles Baudelaire (1821-1867) expõe um dos mistérios mais paradoxais da vida humana: o fascínio pelo Mal como fonte da atração pelo Belo. É no Mal destrutivo, perigoso e mortal que se encontra a fonte de toda voluptuosidade do Belo, ardorosamente desejada e buscada pelo ser humano. Porém, se o mundo é esse caldo indistinguível de Belo e Mal, é possível existir o Bem? Contrariamente às conclusões céticas do poeta sobre a moral, o presente ensaio propõe a sensibilidade do Bem como nascido precisamente dessa tensão dialética entre a consciência do mal e a sensibilidade da beleza.
Apaixonamento e Misticismo em José Ortega y Gasset
Este artigo reproduz trechos da obra "Estudos sobre o Amor" do filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), e uma mais difundidas do autor. Os ensaios selecionados analisam o apaixonamento humano enquanto expressão consciente direcionada ao objeto amado. A consciência apaixonada, concentrada na amada e desatenta ao mundo periférico, é definida por Ortega como maníaca (no sentido de Theia manía dado por Platão) e guarda relações muito próximas com o êxtase espiritual místico, definido como um esvaziamento da alma. Uma alma vazia mas ao mesmo tempo plena do Ser divino, uma "noite escura da alma", segundo São João da Cruz.
Nós, os inadaptados
O filósofo e antropólogo galego e espanhol Vicente Risco (1884-1963) é considerado o maior pensador da Galícia do século XX e um importante nome da filosofia perene na Península Ibérica. Um dos seus ensaios mais conhecidos, “Nós, os Inadaptados” (1933), descreve sua trajetória biográfica intelectual. Risco, influenciado inicialmente pelas ideias individualistas e pessimistas do Fin de siècle e do decadentismo do século XIX, narra sua trajetória em direção ao espiritualismo e regionalismo galego. O ensaio traz interessantes reflexões sobre a crise europeia vivenciada pela geração do período de entreguerras (1918-1939).
Aquela que deve ser obedecida
Carl J. Jung, em Dois Ensaios sobre Psicologia Analítica, descreve a Anima como o arquétipo do feminino no inconsciente masculino - a imagem da mulher no homem. O homem, na sua escolha amorosa, é fortemente atraído pela mulher que melhor corresponda a seu próprio inconsciente feminino - uma mulher que possa receber as projeções de sua Anima. A Anima é uma força interior espontânea e obscura, produzindo estados de espírito inexplicáveis, e ao qual não deve ser reprimida, mas integrada harmonicamente com a ação consciente e deliberada do Ego.
Ortega y Gasset e paralelos entre Brasil e Espanha – Tiago Barreira
José Ortega y Gasset é considerado um dos importantes filósofos e sociólogos espanhóis do século XX. Suas reflexões sobre os problemas enfrentados pela cultura e sociedade espanhola em seu tempo, como a questão da massificação social, permanecem sendo atuais. Através dos conceitos-chaves da sociologia de Ortega, vemos como a sociedade espanhola guarda muitas similaridades com a brasileira, conservando ambas os mesmos traços de invertebração, fragmentação e ressentimento social impulsionados pela massificação e particularismo.
Nostalgia: Melancolia e Esperança – Tiago Barreira
A nostalgia é um sentimento humano que deve ser cultivado e se encontra incompreendido em demasiado em tempos culturais atuais. A nostalgia, definida como essa ansiosa tensão entre a melancolia de ausência e esperança de regresso ao lar, é hoje alvo de ataques por diversas correntes de pensamento, acusada seja de conduzir a um estado apático e depressivo no ser humano, seja de promover uma idealização reacionária do passado. Contudo, contrariamente às suas caricaturações ideológicas, o amor nostálgico ao ausente se mostra hoje tão necessário como chave para soluções e respostas da vida humana presente e do aqui e agora.
BPC #9 – O Pensamento Marxista e seus Fundamentos Teóricos
O que é o marxismo? De que maneira esse pensamento europeu do século XIX ainda se faz presente hoje no mundo? Para tratar todas essas questões, convidamos para este BPC a professora Marize Schons.
A Presença do Oriente na Obra de Vicente Risco
Vicente Risco, foi um dos intelectuais galegos mais importantes do século XX, e principal definidor intelectual do nacionalismo galego. Seu pensamento foi marcado pela profunda influência do Oriente e crítica ao racionalismo ocidental. O pensamento oriental, caracterizado por Risco pela valorização da tradição, do simbolismo religioso e do sentimento, seria tomado como ponto de partida para revalorizar as tradições culturais galegas e refletir as relações entre Galícia e Ocidente.