A Poesia Meditativa de Ângelo Monteiro – Bernardo Souto

A linguagem, quando é posta a serviço do falatório, perde o seu poder de lançar luz sobre a existência, tornando-se oca e ineficaz. O papel da Poesia e da Filosofia é justamente dinamitar o falatório — reino dos lugares-comuns semanticamente vazios e repletos de clichês e de expressões pré-moldadas — devolvendo às palavras seu poder de nomear e de explicar o ser.

Considerações sobre a imaginação educada de Northrop Frye – Luiz Ribeiro

Northrop Frye busca explicar a origem da imaginação do homem. Segundo ele, ela surge de um choque entre a razão e as emoções. A imaginação é a harmonia entre as duas coisas: uma vez que a razão percebe as coisas como são, e as emoções determinam se gostamos ou não delas, surge a imaginação que nos diz como gostaríamos que as coisas fossem.

A Heresia da Individualidade

Para a psicologia moderna, o espírito é um conjunto de processos mentais, percepções, sensações e afetos. De fato, a convergência dos vários processos no ser consciente produz a ilusão da consciência do ego individual. Esta é, e não outra, a doutrina do Buda. A heresia da individualidade consiste, então, na crença no eu-substância, em ter consciência, a personalidade humana, como algo substancial e existente por si mesmo, quando nada mais é do que uma ilusão.

Descobrindo o Pensamento de Vicente Risco na Galícia: Uma Perspectiva Brasileira – Tiago Barreira

Vicente Risco foi um importante pensador, antropólogo e escritor galego, contribuiu para a valorização e preservação da cultura e língua galega. Crítico da modernidade, promoveu uma perspectiva espiritualista da antropologia ibérica. O estudo do seu pensamento e obra é de grande relevância para a cultura brasileira, que se conecta com a cultura galega através de laços linguísticos, literários, folclóricos e mitológicos.

A economia social de mercado de Wilhelm Röpke

Wilhelm Röpke (1899-1966), economista e historiador alemão, é um proeminente liberal conservador e um dos fundadores da economia social de mercado europeia. Sua obra A crise social do seu tempo (1950) analisa a crise europeia da primeira metade do século XX, defendendo liberdade individual, propriedade privada e aspectos morais na economia.

George Steiner e a consideração sobre aqueles que queimam livros – Luiz Ribeiro

O filósofo e crítico literário George Steiner (1929-2020) revela a importância dos livros na mudança da realidade do homem, sendo uma chamada contra a barbárie e a brutalização da vida. Livros expressam a paixão por ideias e o desejo de imortalidade através de suas palavras, inspirando futuras gerações.

Liberalismo e Romantismo: Donoso Cortés

Poucos são os personagens tão representativos do romantismo político oitocentista quanto Juan Donoso Cortés (1809-1853). O pensador "extremo" da região de Extremadura esteve sempre na linha da frente do combate intelectual em defesa do que acreditava em todos os períodos da sua vida. Um homem do seu tempo, o tempo convulsivo da Europa das revoluções do século XIX, mas também um pensador de projeção universal e duradoura.

A Geração Nós da Galícia – Tiago Barreira

No início do século XX, ao término da Primeira Guerra Mundial, diversos movimentos nacionalistas se levantariam no mundo para reivindicar a soberania de populações minoritárias. Este foi o caso do nacionalismo galego no noroeste da Espanha. O movimento galeguista emergiu a partir de uma intensa atividade literária, filosófica e estética de intelectuais, a denominada Geração Nós. Três ideias-chave definiriam este movimento: i) diálogo com o universalismo europeísta; ii) aproximação com o pensamento lusitano e dos países de língua portuguesa; iii) valorização de um espiritualismo de base esotérica.

Hesíodo e a ética do trabalho na Grécia Antiga – Tiago Barreira

Em "A Paideia, a formação do homem grego", Werner Jaeger enfatiza o papel da areté na cultura grega, centrada na transcendência ética humana. Enquanto a poética de Homero exalta os ideais éticos guerreiros, Hesíodo valoriza a vida cotidiana do homem do campo em "Os Trabalhos e os Dias" (Erga). A ética do trabalho é destacada nos Erga, revelando sua presença na sociedade grega muito antes do calvinismo, como preconizado por Weber. Os Erga mostra o trabalho como uma bênção e fundamento da virtude e justiça.