Poucos são os personagens tão representativos do romantismo político oitocentista quanto Juan Donoso Cortés (1809-1853). O pensador "extremo" da região de Extremadura esteve sempre na linha da frente do combate intelectual em defesa do que acreditava em todos os períodos da sua vida. Um homem do seu tempo, o tempo convulsivo da Europa das revoluções do século XIX, mas também um pensador de projeção universal e duradoura.
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A Geração Nós da Galícia – Tiago Barreira
No início do século XX, ao término da Primeira Guerra Mundial, diversos movimentos nacionalistas se levantariam no mundo para reivindicar a soberania de populações minoritárias. Este foi o caso do nacionalismo galego no noroeste da Espanha. O movimento galeguista emergiu a partir de uma intensa atividade literária, filosófica e estética de intelectuais, a denominada Geração Nós. Três ideias-chave definiriam este movimento: i) diálogo com o universalismo europeísta; ii) aproximação com o pensamento lusitano e dos países de língua portuguesa; iii) valorização de um espiritualismo de base esotérica.
Hesíodo e a ética do trabalho na Grécia Antiga – Tiago Barreira
Em "A Paideia, a formação do homem grego", Werner Jaeger enfatiza o papel da areté na cultura grega, centrada na transcendência ética humana. Enquanto a poética de Homero exalta os ideais éticos guerreiros, Hesíodo valoriza a vida cotidiana do homem do campo em "Os Trabalhos e os Dias" (Erga). A ética do trabalho é destacada nos Erga, revelando sua presença na sociedade grega muito antes do calvinismo, como preconizado por Weber. Os Erga mostra o trabalho como uma bênção e fundamento da virtude e justiça.
A Paideia e o legado da cultura grega – Tiago Barreira
Werner Jaeger, em "A Paideia: a formação do homem grego", destaca a singularidade da cultura grega em relação às demais de seu tempo, em função da sua educação pedagógica. Essa pedagogia enfatiza a autossuperação humana e valores éticos universais, nunca sendo um conjunto rígido de tradições e ritos, mas adaptável às mudanças sociais e ressignificando-se ao longo do tempo. Este modelo pedagógico transcendeu a antiga pólis grega, influenciando os dias atuais. A Paideia persiste como uma fonte cultural revitalizadora, transmitindo ideais éticos, estéticos e políticos centrados na ideia de alma humana infinita, moldando e enriquecendo culturas ao longo da história.
Brasil: um nome de origens célticas? – Tiago Barreira
Os povos celtas, a partir da Europa Central, espalharam sua cultura e línguas pela Europa Ocidental pré-romana, incluindo França, Grã-Bretanha, Irlanda e Península Ibérica. Estudos linguísticos sugerem que a língua celta tenha persistido na Península Ibérica até o século XI. A ilha mítica Hy-Brasil, ou a "Ilha da Felicidade", presente em narrativas legendárias célticas, pode ter influenciado o nome do Brasil. Apesar de controvérsias quanto ao tema, a questão da presença celta na formação cultural e linguística de Portugal, Espanha e Brasil é ainda pouco estudada e deveria ser objeto de maiores investigações acadêmicas.
O Caminho Francês, Graal e Maragatos: a Região de Castela e Leão – Tiago Barreira
A rede de estradas de peregrinação interconectadas a Santiago de Compostela, os Caminhos de Santiago, teve um papel histórico destacado na formação cultural, econômica e social da Espanha e Península Ibérica. Dentre as diversas rotas de peregrinação, a mais conhecida é o Caminho Francês. A região compreendida pelo Caminho é berço da língua castelhana e núcleo de um dos reinos cristãos mais poderosos da Reconquista Ibérica: a Coroa de Castela e Leão.
O papel das tradições socioculturais no desenvolvimento econômico – Tiago Barreira
A teoria neoclássica do desenvolvimento econômico, formulada por Robert Solow nas décadas de 40 e 50, enfatizou fatores quantitativos como poupança, educação e inovação. Essa abordagem desconsidera a influência da antropologia sociocultural, que destaca a importância do contexto espacial e histórico nas interações humanas. O ensaio argumenta que a teoria econômica deve incorporar esses elementos para uma compreensão mais completa, propondo um equilíbrio entre a teoria neoclássica e a análise antropológica para uma compreensão abrangente do desenvolvimento econômico.
Ashmedai, Lilith, Demônios e a Questão do Acasalamento com Humanos – Rafael Daher
O tema do sexo entre espíritos, demônios e humanos e o nascimento de descendentes que são metade humanos e metade demônios, tendo como resultado uma demônio fêmea, é muito comum em diferentes formas nos contos populares de todas as nações. Muitos contos deste tipo narrativo requerem esclarecimento, entre os quais os da literatura semita. O problema central subjacente a estas histórias é a luta pelo poder entre o mundo humano e o mundo demoníaco. A visão da existência de duas autoridades humana e demoníaca, natural e sobrenatural, serviu de pedra angular na visão de mundo do hebreu antigo.
O Anjo da Morte no Folclore Judaico e Muçulmano – Rafael Daher
O anjo da morte ocupa um lugar de destaque na visão de mundo da humanidade em todos os locais e em todas as gerações. Na tradição cultural do Médio Oriente (e do antigo Egipto) se enraizou o conceito do deus da morte (ou na tradição posterior: o anjo da morte), como uma personalidade que impõe terror e medo aos homens.
Caim e Abel
“A sociologia simbólica de Buddha, Moisés e Rousseau nos ensina, pois, que há dois tipos essenciais de civilização: uma civilização espontânea secundum natura, própria dos homens e dos povos nômades e pastores de mentalidade intuitiva, de cultura empírica e tradicional, unidos em agrupamentos naturais, os filhos de Abel..., e a outra civilização, própria dos homens e dos povos sedentários e industriais, de mentalidade reflexiva, de cultura especulativa e dialética, agrupados por um vínculo artificial sustentado pela coação política e a elaboração racional da lei, os filhos de Caim...A primeira é a civilização dos povos orientais; a segunda é a que os gregos impuseram ao Ocidente. Os gregos, cainitas típicos, criaram definitivamente a cidade e sua civilização”